terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Lula e a "democracia" na América Latina

Lula e a "democracia" na América Latina
As últimas semanas têm-se mostrado muito reveladoras no que diz respeito aos avanços do totalitarismo de esquerda na América Latina.

E o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem acompanhado essa marcha com declarações e atitudes - surpreendentes para alguns - que vão deixando a nu o caráter igualmente totalitário e socialista de suas convicções políticas.

É o caso de dizer que só não vê quem não quer!

Apoio ao "SIM" na Venezuela
Há poucas semanas o presidente chocou o País com sua defesa comprometedora de Hugo Chávez e de seu regime totalitário. Inventem outra coisa para criticar o Chávez, mas por falta de democracia não é, afirmou Lula.

Tais declarações envolviam, evidentemente, apoio às transformações radicais que Chávez pretendia consagrar na Venezuela, terminando de instaurar no país um estado socialista totalitário.

O apoio de Lula visava influenciar o referendo que Chávez convocara para ratificar a mudança da Constituição aprovada pelo Congresso, totalmente submisso a seus ditames (leia Lula, o "chavista" dissimulado).

Chávez entendeu bem o apoio de Lula e o usou com largueza na propaganda a favor do "SIM" (leia Chávez comemora apoio de Lula).

Morales: a "coisa" mais extraordinária
Agora foi a vez de Lula tecer elogios rasgados ao "companheiro" Evo Morales. Ele foi "a coisa (sic!) mais extraordinária" que aconteceu recentemente na América do Sul, pois ele é "a cara da Bolívia".

Tais elogios, proferidos em Buenos Aires, surgem no preciso momento em que o presidente da Bolívia acaba de consumar uma série de golpes institucionais (sim, golpes!) para impor ao país a Constituição "bolivariana" que não conseguiu fazer aprovar pelas vias legais.

Evo Morales, eleito em 2005, transformou a Bolívia num verdadeiro protetorado do coronel Hugo Chávez, e adotou integralmente seu "bolivarianismo".

Chávez tem interferido largamente na vida política boliviana, enviando somas elevadas - e não contabilizadas - de petro-dólares, destinadas a comprar políticos; tem promovido operações de militares venezualanos em território da Bolívia; e fornece até os guarda-costas do presidente boliviano.

As declarações elogiosas de Lula, mais uma pérola ideológica da diplomacia "companheira", comprometem o Presidente com o golpismo de Evo Morales. Afinal o que Lula vai mesmo fazer à Bolívia nos próximos dias?

Palavras de sentido cifrado
É, pois, de suma importância tomar conhecimento do editorial do jornal O Estado de S. Paulo (11.dez.2007), o qual narra com precisão o processo político empreendido por Morales.

A leitura nos faz ter uma noção clara do que Lula, seus colaboradores e seguidores (como o inefável Marco Aurélio Garcia) entendem por "democracia".

Não nos iludamos! As palavras na boca dos lulo-petistas têm um significado diverso e cifrado. É o caso de "democracia".

Convém não esquecer que, diante dos protestos maciços da população de Sucre contra o golpismo de Evo Morales, este lançou sobre os manifestantes a repressão policial, causando a morte de três bolivianos.

Vamos, pois, à leitura do editorial Golpe na Bolívia:

  • O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse em Buenos Aires, pela enésima vez, que Evo Morales foi “a coisa mais extraordinária” que aconteceu recentemente na América do Sul, pois ele é “a cara da Bolívia”. De fato, Evo Morales não desmerece a maioria de seus antecessores. Em menos de duas semanas aplicou dois golpes nas instituições, calando a oposição e impondo ao país uma constituição que lhe permitirá ficar no poder até 2018, centralizará a atividade econômica nas mãos do Estado e dividirá o país em áreas indígenas - lá existem 36 etnias -, com autonomia administrativa e tribunais próprios, obedecendo a uma legislação específica.

    O primeiro golpe foi dado no dia 24. Depois de mais de um ano sem que conseguissem votar um único artigo do projeto feito por Evo Morales, seus seguidores transferiram a sede da Assembléia Constituinte, em Sucre, para um quartel e, na calada da noite, aprovaram todo o texto - acrescido de dispositivo que permitia a reeleição indefinida do presidente -, obviamente sem a participação da oposição. O texto foi aprovado por 138 dos 255 constituintes, violando, assim, a legislação que condicionava a aprovação ao apoio de dois terços dos deputados.

    No sábado, a Constituinte foi transferida para uma universidade em Oruro, cidade controlada pelos partidários de Morales. Lá se reuniram 164 deputados que tiveram o cuidado formal - mas nem por isso menos golpista - de mudar as regras do jogo, para permitir que a constituição fosse aprovada por dois terços dos presentes, e não de todo o corpo parlamentar, como determinava a lei que convocou a Assembléia Constituinte. A maior parte dos deputados da oposição, que esperavam que a sessão fosse instalada em Cochabamba, não chegou a tempo em Oruro. Os poucos que compareceram decidiram não participar da pantomima, depois de deixar claro à Assembléia que o que lá se passava era ilegal.

    Impedidos de deixar o recinto por uma multidão que cercava o prédio - e de vez em quando explodia cargas de dinamite para estimular o ânimo reformista dos constituintes -, em 16 horas de trabalho os deputados aprovaram o texto da nova constituição, que será submetida a referendo. Neste segundo turno, deveriam ser votados todos os mais de 400 artigos da constituição, um por um. Mas todos tinham pressa, não havia oposição a exigir o respeito à lei, e votou-se tudo em bloco, por capítulos. Muitos dos deputados não dispunham de cópia do projeto, para acompanhar o que estava sendo votado.

    Explica-se a pressa de Evo Morales e os seus expedientes golpistas. A Assembléia tinha até o dia 15 deste mês para cumprir o objetivo de sua convocação. Passou, no entanto, mais de um ano perdida em discussões sobre procedimentos, sem que a maioria liderada pelo Movimento ao Socialismo conseguisse vencer a obstrução da minoria. E o que a minoria queria não era nada extraordinário: respeito à propriedade privada e à livre empresa e autonomia política, administrativa e fiscal aos nove departamentos (Estados), que até o ano passado tinham seus governadores nomeados em La Paz.

    Os governadores de Santa Cruz, Beni, Pando, Tarija e Cochabamba, que se opõem a Evo, anunciaram que não acatarão a nova constituição e já conclamam a população à desobediência civil. Os governadores de La Paz e de Chuquisaca não integram o bloco de oposição, mas não apóiam Evo Morales, que só conta com os departamentos de Oruro e Potosí. ....

    Com o golpe deste final de semana, Evo Morales ampliou as divisões do país e aumentou as possibilidades de que haja uma reação violenta aos seus desmandos.

Cadastre seu email aí ao lado e receba atualizações deste blog.

4 comentários:

Anônimo disse...

O presidente Lula elogiou um golpista, Evo Morález, que impôs uma constituição que concentrará a atividade econômica nas mãos do Estado, dividirá o país em áreas indígenas e lhe permitirá ficar no poder até 2018.
Para Lula, "democracia" consiste em usurpar, golpear instituições, transgredir leis?
A violação da legislação que condicionava a aprovação da Constituinte boliviana ao apoio de dois terços dos deputados que não chegaram a tempo e os que chegaram recusaram-se depois de deixar patente que o que lá se passava era ILEGAL.
E o presidente do Brasil, eleito pelo povo democraticamente, enaltece um golpista boliviano, e escancaradamente elogia o ditador venezuelano. Amanhã (13 de dezembro) estará na Venezuela visitando-o. E o ditador já criou burocracia para dificultar a entrada de jornalistas brasileiros. Curioso não?
É indisfarçável a cumplicidade que permeia os três, Lula, Evo e Chávez, e as suas semelhanças também. Mui amigos, mui hermanos e mui ditadores.

Marco disse...

Caro José Carlos,

Hugo Chávez e Evo Morales ainda vão causar danos enormes à America do Sul. Não demora muito e algo parecido a uma guerra civil vai estourar na Bolívia. E, claro, com a intervenção de tropas venezuelanas e o apoio moral do Brasil (O Brasil não tem tropas preparadas para ajudar e nem atacar ninguém). Os governadores que são contrários a Morales terão que contar com apoio, por baixo do pano, dos EUA. E aí, o circo já estará armado.

Um abraço.

Letícia Losekann Coelho disse...

Me preocupo com a esquerdopatia que está se formando...na verdade todos ditadores...que entram em pânico quando não sentem o respaldo da população para as suas loucuras!!
beijos meus

Carlos Matos disse...

Belo texto. Seu blog é mesmo excelente. Só acho que você deveria ser um pouco mais objetivo no conteúdo - o template do site é bastante sisudo, mas o material é de primeira. Abraço.

http://cudelontra.wordpress.com