sexta-feira, 21 de março de 2008

Aliança Governo-Oposição

Aliança Governo-Oposição
Nunca antes nesse País... se falou tanto de democracia e nunca ela foi tão fraudada.

Não, não vou falar das distorções, aviltamentos e fraudes que o atual governo tem infligido às instituições do regime democrático.

Vou falar da falta de oposição!

Esclareço desde logo que não me identifico com nenhum partido, motivo pelo qual me sinto à vontade para tecer comentários a respeito de qualquer um deles.

Divisão de semelhantes
Recuso-me a aceitar - como querem alguns - a divisão do país político em PSDB e PT. Uma divisão à qual se quer dar um alcance não apenas partidário, mas até social e de mentalidades.

Já se aventou até a possibilidade de um regime de alternância política entre os dois partidos, que acabasse por eliminar as demais organizações partidárias.

Tal divisão não se sustenta, pois o PSDB - pelo menos em boa parte - é afim ao PT e a seu projeto político. Seria a célebre divisão entre o seis e a meia dúzia.

É, pois, inadmissível tal reducionismo!

Oposição governista
A oposição do PSDB tem sido tímida e frouxa, por vezes meramente de fachada. Mais ainda, essa oposição nas horas críticas tem salvo o Presidente Lula.

O exemplo mais significativo se deu no auge do Mensalão, diante das escandalosas revelações de Duda Mendonça, quando a oposição desencorajou o presidente nacional da OAB de apresentar o pedido de impeachment já redigido por aquele.

Agora a CPI dos cartões corporativos parece um show para a platéia a fim de poupar PT e PSDB.

Uma análise mais acurada da realidade política mostra uma continuidade entre o projeto do PSDB e do PT. Afinal FHC se disse muito emocionado ao dar posse a Lula.

Teste mineiro
Minas é conhecida por seu tato político, por sua habilidade em promover articulações.

Ora, é precisamente em Minas que, neste momento, algo de muito importante se está testando (e gestando), que poderá ser altamente prejudicial à autenticidade e legitimidade do regime democrático.

Avança em Minas uma aliança PSDB-PT, com vistas à eleição municipal, aliança eleitoral "ousada e inédita" no dizer de Aécio Neves. Há as justificativas locais ("aliança em favor da cidade", no dizer do tucano), mas... mas há outras não enunciadas.

Parece evidente que se testa em Belo Horizonte uma aliança para uma futura solução presidencial ("aliança em favor do país" se dirá). Será por acaso que, há dias, Aécio Neves afirmou que, no caso de ser candidato à Presidência, não será o anti-Lula mas o pós-Lula? É esta a oposição (?!), ou pelo menos a parte mais significativa dela.

Fraude à essência do regime democrático
Não há democracia sem oposição. Quando a oposição de tal forma defrauda os anseios daqueles que nela votaram ou que nela depositam suas esperanças, está traindo a representatividade e ajudando a demolir um dos princípios básicos do regime dito democrático.

O País assistiria à aliança do governismo com a oposição e à criação de uma força hegemônica a dominar alternadamente o poder. Fora de dúvida um despotismo travestido de democrático.

Escória da política
Diz o povo que o "peixe morre pela boca", em alusão ao fato de que é quando abre a boca para comer a isca que o peixe morde o anzol.

Metaforicamente o ditado se refere aqueles que falam de modo inconseqüente e irrefletido e acabam se condenando por suas palavras.

Ciro Gomes é desses políticos que "morre pela boca". Célebre por suas afirmações desaforadas, proferiu mais algumas a respeito desta nova aliança. São reveladoras:

"Aqui o que eu vejo é que a escória da política não tem espaço. A hegemonia moral e intelectual que preside esse movimento que Minas está fazendo é tão eloqüente e importante que a escória da política deve estar apavorada com isso".

A afirmação, como disse é reveladora, pois dá a entender que quem está fora da aliança é "escória da política". Ou seja uma postura que fala a favor da tal hegemonia despótica que mencionei.

Mas Ciro Gomes acrescentou: "Eu me refiro a todos os setores que põem o interesse público de lado e negociam fisiologicamente frações de poder, de cargos, de emendas, de safadezas e de ladroeira".

Ora... esta é a descrição perfeita do governo Lula e de seu partido. Afinal um governo e um partido que têm uma quadrilha sendo processada no STF. Se somarmos a isso tudo o que o PT diz do PSDB está perfeitamente traçada a "hegemonia moral" de que fala Ciro Gomes... é por isso que o "peixe morre pela boca".

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segunda-feira, 17 de março de 2008

Terrorismo premiado

Terrorismo premiado
A propaganda, item no qual o atual governo é especialista, criou um logotipo: Brasil, um país de todos!

Mas, como já tive oportunidade de dizer aqui, o que se está construindo é um Brasil, país de poucos.

Sim, poucos que "aparelham" a máquina do Estado, por pertencerem a um partido; poucos que administram imensas máquinas de corrupção e ficam impunes; poucos que violam a estabilidade legal sem serem importunados; poucos que são premiados pelos crimes que cometeram, etc.

Prêmio ao terrorismo
Nestes dias uma revelação chocou o público, ou pelo menos quem ainda tem valores e um mínimo senso de justiça.

O antigo terrorista da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), Diógenes Oliveira, ganha do Estado uma pensão vitalícia de 1.627 reais, além de embolsar 400.000 reais referentes a pagamentos atrasados.

Uma das vítimas de seus atos terroristas, Orlando Lovecchio Filho, que teve esfacelada uma de suas pernas, há quatro anos passou a receber uma pensão por invalidez de 571 reais.

Assim se premia o terrorismo! Diante disso, quem ainda pode estranhar as atitudes complacentes de nossa diplomacia e do Presidente Lula com o terrorismo das FARC? (Leia abaixo Duplicidade diplomática e Neutralidade dos covardes).

Os excluídos do Presidente
A matéria de Veja (19.3.2008) Terror premiado, assinada por Alexandre Oltramari fala por si:

  • "O Brasil continua vivendo o paradoxo de premiar quem deveria ser punido e punir quem deveria ser premiado. Em 1968, Orlando Lovecchio Filho, então com 22 anos, foi vítima de um ato terrorista. Uma bomba detonada por militantes da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), um grupo terrorista de esquerda, dilacerou uma de suas pernas, que teve de ser amputada. A ação tinha como alvo o consulado americano em São Paulo. Mutilado, Lovecchio, a vítima, teve de abandonar o sonho de se tornar piloto comercial e, há quatro anos, passou a receber do INSS uma pensão por invalidez no valor de 571 reais. Na semana passada, o colunista Elio Gaspari, dos jornais O Globo e Folha de S.Paulo, revelou que o destino, ou melhor, o estado brasileiro foi bem mais generoso com um outro personagem da história. Diógenes Carvalho Oliveira, o autor do atentado, recebeu do governo federal a confirmação de sua aposentadoria como vítima da repressão durante o governo militar. Além de uma pensão vitalícia de 1 627 reais, Diógenes vai embolsar 400 000 reais referentes a pagamentos atrasados. Um prêmio, sem dúvida, ao absurdo.

    Depois do atentado, Diógenes ainda participou de cursos de treinamento em explosivos em Cuba, atacou quartéis do Exército e esteve envolvido na execução de um americano considerado suspeito. Preso, ele foi torturado pelos agentes do governo e, depois, libertado em troca do cônsul do Japão em São Paulo, que havia sido seqüestrado pela guerrilha. O terrorista fugiu para o México, viveu na Europa e passou três anos na África. De volta ao Brasil, foi filiado ao PT até sua voz aparecer em uma gravação na qual pedia ao chefe da polícia do Rio Grande do Sul que aliviasse a repressão aos bicheiros gaúchos. ....

    Ao saber do prêmio dado ao terrorista, ele [Lovecchio] apenas lamentou e disse que já escreveu três cartas ao presidente Lula para pedir que seja criada uma lei que garanta os mesmos benefícios às vítimas da guerrilha. "Não quero vantagem nenhuma. Só igualdade e justiça", diz ele. As cartas nunca foram respondidas."

Vejam bem, terrorismo, PT, bicheiros... é este o Brasil, país de poucos!

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domingo, 16 de março de 2008

Conselho de Defesa... do terror?

Conselho de Defesa... do terror?
O Presidente Lula lançou na praça um novo projeto: o Conselho de Defesa da América Latina.

Foi durante a visita ao País da Secretária de Estado dos Estados Unidos, Condoleeza Rice. A idéia, na verdade, é a elaboração de projetos de defesa comum para a região, enunciados por Hugo Chávez. E, no fundo, a concretização de metas do Foro de São Paulo.

Para justificar seu plano, o Presidente disse que um organismo desse tipo pode tornar "mais eficaz" a solução de crises como a que envolveu a Colômbia e o Equador, a propósito do ataque ao acampamento terrorista do líder das FARC, Raul Reyes.´

Vejamos o que o Presidente entende por soluções "mais eficazes".

Chávez promotor do terrorismo
Lula decidiu apresentar seu plano, antes de tudo, a Hugo Chávez. O fato é simplesmente espantoso.

Primeiro, porque Hugo Chávez está promovendo uma corrida armamentista desproporcionada e que chama a atenção de todos os especialistas. As atitudes belicistas de Chávez durante a atual crise demonstram que sua intenção é desestabilizar militarmente a região.

Em segundo lugar, é estranho que Lula vá propor a Chávez um Conselho de Defesa da América Latina, para resolver crises como a atual, quando Chávez está sendo apontado como o grande financiador das FARC e, portanto, do terrorismo.

Como fazer um Conselho de Defesa da América Latina com um Estado promotor do terrorismo? Será um Conselho de Defesa... do terror?

Era natural que Lula tivesse de início exposto seu plano à Argentina, pela importância das relações entre os dois países. Ou, então, ao governo da Colômbia, vítima de uma guerra terrorista. Mas não, Lula foi-se acertar com seu "companheiro" Chávez.

Evitar a OEA e pressionar a Colômbia
Traduzindo o plano de Lula:

Lula quer criar um outro organismo, para evitar a OEA, onde não conseguiu impor a tão desejada condenação à Colômbia.

Em seu mal disfarçado anti-americanismo, Lula deseja ainda o afastamento dos Estados Unidos dos assuntos regionais. A intenção só pode ter um motivo ideológico e estratégico, pois, pela importância da relação de todos os países da região com os Estados Unidos, tal alijamento não faz sentido.

Cabe ainda frisar que se os Estados Unidos não tivessem dado seu apoio ao governo legítimo da Colômbia, este país continuaria a ser vítima do caos terrorista, acobertado e promovido por governos como o de Chávez e o de Correa no Equador, e beneficiado pela complacência mal disfarçada de governos ditos moderados, como o de Lula.

Lula quer, além disso, poder pressionar o governo de Álvaro Uribe a aceitar as chantagens das FARC, incluindo a entrega a estas de um território desmilitarizado dentro da Colômbia. É isto que ele qualifica de soluções "mais eficazes" de crises como a atual.

É que, afinal, o governo Lula proclama sua "neutralidade" diante das FARC. Como se neutralidade não fosse cumplicidade (tratei do assunto no post abaixo Neutralidade dos covardes) .

Entrave ao projeto bolivariano
O que parece claro é que a Colômbia se tornou o grande entrave ao projeto expansionista de Socialismo do século XXI, de Hugo Chávez. Plano que tem como um dos elementos ativos o terrorismo das FARC (e grupos similares). Projeto esse acobertado, entre outros, por Lula.

Por isso a diplomacia brasileira está incomodada com o princípio enunciado, com clareza, pela Secretária de Estado dos Estados Unidos em sua visita ao País: "Fronteiras são importantes, mas as fronteiras não podem se tornar meios pelos quais terroristas se escondem e se envolvem em atividades de matar civis".

Afinal, o ataque militar empreendido pelo governo de Álvaro Uribe ao acampamento terrorista das FARC no Equador deixou claro que a "aliança bolivariana" não poderá transformar seus territórios em santuários do terror.

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quarta-feira, 12 de março de 2008

Neutralidade dos covardes

Neutralidade dos covardes
Não cessou a crise diplomática, desatada a partir do ataque do Exército colombiano à base das FARC instalada no Equador.

O secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, ao visitar o local do acampamento atacado, afirmou que o mesmo tem todos os sinais de ser um acampamento estável. O que deixa ainda mais comprometido o governo de Rafael Correa.

Até o momento, do ponto de vista diplomático, como também militar, o grande vencedor foi o Presidente Álvaro Uribe, da Colômbia.

Neutralidade impossível
Todos falavam em condenar e isolar seu governo. Mas neste momento estão isolados os governos de Chávez (Venezuela) e de Correa (Equador). Afinal, todas as provas apontam para uma forte colaboração e promoção ao terrorismo, por parte destes dois governos.

A tão decantada integração latino-americana, um claro projeto ideológico de esquerda, trombeteado por Chávez (projeto bolivariano) e acalentado por Lula, está rachado. Afinal, será possível Lula continuar a defender, com desfaçatez, que um regime, como o de Chávez, que dá centenas de milhões de dólares para o terrorismo, tem excesso de democracia?

Para os países latino-americanos está colocada uma questão delicada: qual a posição que vão assumir perante terroristas como os das FARC? Lula e sua diplomacia companheira falam em neutralidade. Será sustentável?

Neutralidade quer dizer cumplicidade, já tive oportunidade de apontar no post abaixo (leia Duplicidade diplomática).

Cúmplices por omissão
O jornalista Augusto Nunes, publica no Jornal do Brasil (12.março.2008) uma análise, significativamente intitulada Os nostálgicos do pesadelo. Os dilemas do momento, inclusive do governo do Brasil, estão muito bem enunciados:

  • "Hugo Chávez brincava de apresentador de TV, na tarde de 1º de março, quando a mão da desgraça bateu à porta do estúdio em Caracas, para transmitir-lhe a notícia medonha.

    Surpreendido pelo ataque aéreo do exército colombiano a uma base das Farc no Equador, morrera na madrugada daquele sábado o companheiro Raúl Reyes - amigo de fé, terrorista de muita competência, grande parceiro de negócios no ramo da compra e venda de gente seqüestrada. ....

    Trocou o sorriso de animador de auditório pela carranca beligerante, anunciou a ruptura unilateral de relações diplomáticas com a Colômbia, ordenou o imediato deslocamento para a fronteira de 10 divisões do exército - "com tanques", especificou - e declarou-se pronto para a troca de chumbo. "Ouço as trombetas da guerra", balbuciou Fidel Castro à beira da sepultura. ....

    Chávez não queria apenas vingar a morte de Reyes, "um grande combatente".... O colérico venezuelano também queria, simultaneamente, punir o desafeto Álvaro Uribe ("um cachorro dos Estados Unidos") e mostrar ao equatoriano Rafael Correa ("um leal companheiro bolivariano") que atacar uma filial da Venezuela equivale a atacar a matriz. ....

    Confiante no padrinho, o afilhado copiou-o tanto no luto fechado quanto na retórica incendiária. "A soberania territorial equatoriana foi violada por um governo canalha", enfureceu-se. Algo a dizer sobre a transformação de um pedaço do seu país em santuário da organização narcoterrorista? "Problema da Colômbia, que não sabe controlar o próprio território", desdenhou Correa. ....

    "O que houve foi um massacre de homens que dormiam desarmados", derramou-se Correa no terceiro dia de luto. Como os chefes de governo da Venezuela, da Bolívia, da Nicarágua e de Cuba, também o presidente equatoriano enxerga numa infame organização narcoterrorista apenas "uma força insurgente, com um programa político a executar". Entusiasmado com a estréia como protagonista no teatrão cucaracha, Correa nem percebeu que o comandante-em-chefe, depois de ter perdido a voz, recuara furtivamente da frente de batalha para o fundo do palco.

    Na reunião da OEA, Chávez portou-se com a discrição recomendada ao governante de um país cujo território só tem sido violado por invasores financiados por petrodólares venezuelanos. Durante o encontro do Grupo do Rio em Santo Domingo, recomendou prudência aos vizinhos que partilham a zona conflagrada e pregou a paz entre os homens do continente. ....

    O anfitrião Leonel Fernández pediu que todos se abraçassem. Até então empenhados num diálogo carregado de insultos, Uribe e Correa trocaram o mais constrangido dos cumprimentos. Tudo terminara bem, decidiram os participantes da cena surreal. Tudo continua sem solução, informa a vida real.

    "Também se viola a soberania quando, a partir de um país, um grupo terrorista ataca um vizinho", argumentara Uribe minutos antes, olhando nos olhos o presidente do Equador. "Não admito que o legítimo direito da Colômbia de combater uma organização terrorista seja mostrado como um massacre contra anjos de pijama. Não use comigo o cinismo que têm os saudosos do comunismo".

    Compreensivelmente, ninguém aplaudiu. A mensagem de Uribe pode ser endereçada, sem retoques, a todos os países da América Latina. Os que apóiam as Farc são cúmplices por ação. Cúmplices por omissão são os que testemunham, com a neutralidade dos covardes, a luta entre o governo democrático e um grupo terrorista. Como o Brasil. "
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segunda-feira, 10 de março de 2008

Duplicidade diplomática

Duplicidade diplomática
Estou de volta ao Blog!

Após uma ausência involuntária, retomo os comentários que aqui costumo fazer.

Gostaria de abordar a crise que atingiu a América Latina, na última semana. Crise que alguns dizem estar encerrada, com o aperto de mão dos Presidentes na República Dominicana, na reunião do Grupo do Rio. Para mim essa crise ainda se prolongará.

Repúdio popular às FARC
O Presidente Álvaro Uribe, foi eleito com extrema popularidade (e reeleito), com uma agenda clara de acabar com o grupo narco-terrorista marxista das FARC. Uribe decidiu encerrar a política desastrosa de concessões à guerrilha, que afundou a Colômbia no caos durante décadas.

O repúdio da população aos terroristas das FARC e o apoio à política conduzida por Uribe teve, muito recentemente, uma demonstração sem igual. Mais de dez milhões de colombianos saíram às ruas, em muitas cidades, para dizer "Não às FARC".

Nossa imprensa (sempre imparcial!) não viu, ou distorceu o noticiário.

FARC buscam abrigo em países vizinhos
O grupo terrorista, sem qualquer apoio popular, foi sendo desmantelado militarmente e acuado passou a procurar abrigo em países (como Venezuela e Equador), em que os respectivos governos lhes deram apoio político e até militar.

Raul Reyes, o número dois da organização terrorista, tinha instalado há bom tempo seu sofisticado acampamento para direcção de suas acções criminosas, dentro do território equatoriano.

Foi aí que as Forças Armadas colombianas o atacaram e mataram.

E a soberania da Colômbia?
Iniciou-se uma gritaria diplomática contra o governo colombiano, pela "grave" violação da soberania do Equador. Como se a Colômbia tivesse atacado o país vizinho e seu povo, na intenção de estabelecer-se em seu território.

A gritaria foi reveladora. A agressão à soberania equatoriana era o pretexto; a razão verdadeira era o golpe certeiro ao coração do terrorismo, fato que desagradou a muitos.

Curiosamente, de Lula a Chávez, todos "esqueceram" as FARC e o escândalo de estas atacarem a Colômbia a partir do território de países vizinhos. Essa, sim, uma grave e periogosa violação da soberania.

Atitude diplomática dúbia
Lula, como sempre, quis aparecer como o grande líder regional, a voz da moderação. Mas a diplomacia conduzida por seu governo foi, uma vez mais, ambígua.

Enquanto clamava por uma diminuição das tensões, Lula apenas condenou a Colômbia, exigindo desculpas incondicionais do governo Uribe. Não faltaram também críticas aos Estados Unidos, como incendiários da situação. As FARC (terroristas) foram sistematicamente poupadas. Para Lula elas não são incendiárias nem violam a soberania... é isto que chamo de "cinismo democrático" (ver abaixo o post Cinismo democrático).

O assessor presidencial para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, em entrevista para o Le Figaro, de Paris, justificou a mobilização de tropas de Hugo Chávez e declarou que o governo brasileiro é "neutro" diante das FARC.

Não há neutralidade perante o terrorismo e seus crimes hediondos. Neutralidade só tem um nome: cumplicidade.

O lado B da diplomacia
A revista Veja (12.março.2008), em artigo intitulado O lado B da diplomacia, revela bem essa duplicidade de Lula e de sua diplomacia:

  • "No auge da crise Colômbia-Equador, enquanto o governo brasileiro se empenhava na tentativa de baixar a temperatura, o assessor da Presidência da República Marco Aurélio Garcia se esforçava para elevá-la. Em entrevista ao jornal francês Le Figaro, o encarregado de Lula para assuntos internacionais elogiou o envio de tropas pela Venezuela e pelo Equador à fronteira com a Colômbia, fez cafuné nas Farc ao dizer que o Brasil não classifica a organização como terrorista, mas tem uma posição "neutra" em relação a ela, e cobrou (mais) desculpas de Bogotá pela invasão do território equatoriano. Ao deixar Marco Aurélio morder em público, enquanto assopra nos bastidores, Lula exercita seu conhecido estilo ambíguo: age pragmaticamente com correção, mas não deixa de fazer umas embaixadinhas para a platéia. Nesse caso, uma platéia nacionalista, castrista, chavista e simpática à narcoguerrilha, que tanto o presidente quanto Marco Aurélio conhecem muito bem.

    Em 1990, inspirados por Fidel Castro, Lula, então presidente do PT, e seu hoje assessor especial fundaram o Foro de São Paulo, grupo que reúne partidos e organizações latino-americanos de esquerda em torno de três ideologias: o antiamericanismo, o nacionalismo de cunho autoritário e a solidariedade à Cuba castrista. ....

    É fato que muitas das posições defendidas pelo Foro são adotadas em parte ou no todo por governos de esquerda no continente. O próprio governo Lula tem atitudes que sugerem a influência, em graus variados, dos radicais do Foro – esse "filho nosso", como Lula chamou a entidade no discurso que fez em 2005, em São Paulo, em comemoração a seus quinze anos de existência. ....

    A relação de Lula com o Foro, diz o sociólogo, é mais uma mostra da duplicidade de orientação que caracteriza a política externa brasileira, que tem como corolário uma série de "omissões vergonhosas" da parte do governo petista. Exemplifica Magnoli: "Por causa dessa política ambígua de Lula, o Brasil condena os seqüestros e assassinatos cometidos pelas Farc, mas não diz que a organização é ilegítima. Posa de mediador nas crises, mas não critica o fato de Chávez interferir na política interna da Colômbia nem repreende o uso de territórios da Venezuela e do Equador pelos guerrilheiros". "

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