sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Promessas de Obama viram cinza

Promessas de Obama viram cinza
“E então... como vai indo para você o tal negócio da mudança e esperança?”

Este é um dos adesivos em voga, atualmente, nos Estados Unidos. Não será árduo entrever que diz respeito a Obama e ao cumprimento de suas promessas de campanha.

Obamania

Poucas vezes na história recente se criou tal expectativa em torno de uma figura pública. Desconhecido para muitos, dentro e fora dos Estados Unidos, Obama se tornou uma unanimidade midiática –a Obamania – com seus discursos bem calculados e pouco precisos. Passou a ser portador de uma esperança que muitos enunciavam e poucos saberiam precisar.

A euforia chegou a tal ponto que Obama foi apontado como um “messias”, que viria devolver a “dignidade” aos Estados Unidos e ao mundo, acabar com as ameaças que pairavam sobre o gênero humano, desarmar todos os espíritos e solucionar os problemas universais, munido apenas de seu sorriso e de seu espírito conciliador, com tudo e com todos, especialmente com os adversários.

Messianismo irresistível e vago

Este messianismo irresistível e quase mágico se tinha corporificado no slogan coruscante e vago que fizera furor na campanha: Yes, we can!

Houve até quem comentasse que seu apelo, místico e messiânico, era tão mais atraente e irresistível quanto menos preciso e explícito ele fosse.

8 Leia Obama, messianismo e irracionalidade

Em momentos de euforia como esse – à qual não se pode negar certa dose de irracionalidade – é praticamente impossível apontar a inconsistência das perspectivas para que se acena. Quem o faz se arrisca a ser tachado de “desmancha prazeres”, como se as dúvidas ou perplexidades formuladas fossem presságios de mau agouro, ou tivessem o poder mágico de destruir tais ilusões.

Só resta esperar e, como diz sabiamente o povo, “dar tempo ao tempo”.

E, no caso concreto, não foi preciso muito tempo. A realidade rapidamente tomou o lugar da fantasia!

Frustração com Obama

Como afirma a reportagem do The Wall Street Journal, assinada por Jonathan Weisman, que pretendo hoje comentar com os que seguem o Radar da Mídia, “Obama está vendo suas promessas virarem cinza”.

Para atrair os votos de moderados e até de conservadores, Barack Obama empregou durante a campanha uma linguagem de consenso, velou ao máximo sua linha ideológica e suas propostas mais radicais.

Uma vez instalado na Casa Branca, passou a mostrar seu viés esquerdista, sua propensão ao intervencionismo estatal, sua adesão aos chamados valores da contra-cultura, bem como sua promoção de políticas ditas progressistas, como o aborto.

Para os republicanos - ainda segundo a referida reportagem - os americanos rejeitam as propostas esquerdistas do novo Presidente, motivo de sua queda de popularidade.

Mas, na verdade, o desgaste de Obama vai para além do universo partidário. Muitos que o apoiaram começam a distanciar-se dele, e até mesmo seus correlegionários democratas têm votado contra as propostas presidenciais no Congresso.

“Não me culpem...”

Convido-os, pois, a lerem a matéria do The Wall Street Journal, estampada no jornal Valor (20.ago.2009), sob o título EUA divergem sobre por que Obama perde apoio popular:

  • "O presidente dos EUA, Barack Obama, fez sua campanha no ano passado prometendo acabar com as ásperas divisões partidárias em Washington. Ele não foi o primeiro a prometer uma Presidência suprapartidária: tanto George W. Bush quanto Bill Clinton ofereceram uma mudança similar, mas acabaram vendo a mútua hostilidade entre republicanos e democratas crescer constantemente enquanto ocuparam o cargo.

    Agora, da mesma forma, Obama está vendo suas promessas virarem cinza. Audiências populares iradas, queda no índice de aprovação e a crescente oposição à sua proposta de reforma do sistema de saúde sugerem o retorno antecipado da política de sempre.

    Os críticos de Obama dizem que isso é o resultado inevitável de sua pressão por políticas mais esquerdistas de longo alcance, apesar de ter feito ofertas não definidas para conquistar moderados e conservadores. A Casa Branca culpa os republicanos e comentaristas da mídia conservadora, dizendo que eles procuraram semear a discórdia desde o começo.

    Os dois lados concordam em um ponto: após seis meses de governo de Obama, um crescente número de americanos está se voltando contra o presidente, inclusive alguns eleitores que ele conquistou durante a campanha.

    "Pensei que ele iria nos unir como país. Quando ouvi ´Não há uma América branca, não há uma América negra, há os Estados Unidos da América´, isso ecoou em mim", disse Leah Wolczko, de 42 anos, professora de Manchester, Estado de New Hampshire, que se define como politicamente independente e apoiou Obama, mas não votou em novembro (o voto não é obrigatório). "Mas quando começam a falar de temas específicos, aí temos problemas." Ela se opõe ao que chama de propostas de maior interferência do governo e políticas de grandes gastos públicos de Obama.

    Numa pesquisa do "Wall Street Journal" e da rede de TV NBC feita com 1.011 adultos, entre 24 de julho e 27 de julho, a base de apoio do presidente continuava relativamente alta e ainda firme, com 37% ainda se sentindo "muito positivos" em relação a ele. O índice geral de aprovação ficou em 53%. Mas, desde o início do ano, o conjunto dos que se sentem "muito negativos" mais que triplicou, chegando a 20% em nível nacional, 25% no sul do país, 23% entre aqueles com 65 anos ou mais, e 24% entre os homens de 50 anos ou mais. (...)

    Os números de Obama, porém, "sugerem que está começando a se formar um núcleo anti-Obama", disse o pesquisador Peter Hart, democrata, que faz pesquisas para o Wall Street Journal/NBC News. (...)

    Quando Obama tomou posse, em janeiro, apenas 6% da população se sentiam "muito negativos" em relação a ele, enquanto 43% se sentiam "muito positivos".

    "No dia em que ele foi eleito, ele teve meu pleno apoio, 100%, e meu compromisso de rezar por ele e por sua família", disse Glória Twiggs, aposentada de Kenner, Louisiana, que não votou em Obama. Agora, chateada por questões relativas a aborto e por um voo do avião presidencial para uma sessão de fotos sobre Nova York, em abril, que gerou polêmica, ela tem opinião negativa dele. (...)

    Em janeiro, só 13% dos entrevistados na pesquisa Wall Street Journal/NBC discordavam inteiramente da afirmação de que Obama compartilhava das mesmas posições deles. Isso dobrou para 25%. Também quase dobrou proporção de americanos que discordam inteiramente de que Obama está disposto a trabalhar com pessoas com pontos de vista diferentes dos dele, de 12%, em abril, para 21%.

    Uma parafernália anti-Obama já chegou às lojas, para concorrer com objetos que promovem o presidente e continuam muito vendidos. Há um adesivo que diz: "Não me culpem, votei em McCain"; e camisetas com o dizer: "E então... Como vai indo para você o tal negócio da mudança e esperança?". Três dos cinco livros mais vendidos na lista do "New York Times" desta semana são contra Obama.

    As pesquisas mostram que os americanos tendem a concordar sobre os principais problemas do país: alto custo da assistência médica e número crescente de pessoas sem seguro, dependência do petróleo importado e recessão. Mas conseguir um consenso sobre as soluções é mais difícil, em especial diante do abismo filosófico acerca do papel do governo.

    William D. McInturff, pesquisador republicano e colega de Hart na pesquisa do Wall Street Journal/NBC, definiu a data que marca a ruptura entre o presidente e os que tinham lhe dado o benefício da dúvida: 29 de março. Foi quando Rick Wagoner, presidente da General Motors, foi demitido do cargo a pedido do presidente.

    "O país tem uma divisão permanente acerca do legítimo papel do governo", disse McInturff. "Essa questão se situa bem na linha divisória entre quem se torna republicano e quem se torna democrata."

    Para alguns, a frustração com Obama vem da fraqueza da economia. "Achei que, a essa altura, ele já teria transformado a situação", disse Louis Thornton, 44, de Lancing, no Tennessee, que se identificou como um democrata convicto que está se sentindo "muito negativo" em relação ao presidente.

    Além disso, a opinião de que Obama vem favorecendo minorias apareceu em diversas entrevistas com eleitores. No alvoroço sobre a prisão do professor Henry Louis Gates, da Universidade Harvard, "ele ficou do lado da raça dele, certo? Vamos encarar os fatos", disse Nick Januszczak, 54, caminhoneiro de Hammond, Indiana. Obama disse que a polícia "agiu de forma estúpida" ao prender Gates. O presidente mais tarde se desculpou publicamente pela declaração. "
Cadastre seu email aí ao lado
e receba atualizações deste blog 888

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Ao lado de "companheiros" e ditadores

Ao lado de “companheiros” e ditadores

Irã

Lula declarou – contra as evidências – que Mahmoud Ahmadinejad venceu licitamente as recentes eleições no Irã. As autoridades iranianas, pelo contrário, atestaram que milhões de votos foram fraudados.

Para o presidente brasileiro, entretanto, as manifestações de protesto contra a fraude eleitoral não passavam de raiva de perdedor, como em torcida de futebol. As 69 pessoas mortas pela terrível repressão do regime ditatorial iraniano nem sequer mereceram uma leve menção de Lula.

Coréia do Norte

O regime comunista da Coréia do Norte mantém campos de concentração e executa sumariamente adversários políticos. O Conselho de Direitos Humanos da ONU pediu recentemente a condenação do regime por esses motivos. Mas a diplomacia do governo Lula se recusou a condenar Pyongyang, pois acha necessário “dar uma chance” ao regime sanguinário.

Venezuela e FARC

A Venezuela entregou às FARC armas compradas à Suécia pelas Forças Armadas do país e destinadas por tratado a seu uso exclusivo. A Colômbia pediu explicações a Chávez por essa grave ocorrência; a Suécia igualmente.

Chávez foi mais uma vez desmascarado como mentor das FARC. Sem ter o que responder, o caudilho venezuelano encontrou em Marco Aurélio Garcia, o assessor presidencial de Lula, um porta-voz e um defensor nessa situação delicada. Garcia passou a manter contactos internacionais, inclusive com o General James Jones, assessor de segurança do presidente Obama, para justificar o injustificável. E Celso Amorim asseverou, em declarações à Folha de S. Paulo, que a transferência de armas “foi apenas um episódio”.

Honduras

Ao lado do ditador líbio Muhamar Kadhafi, patrono do terrorismo internacional, a quem chamou de “meu irmão”, Lula condenou o “golpe” em Honduras. Enquanto justifica a complacência com a ditadura cubana e o fim da exclusão do regime de Castro da OEA, a diplomacia lulo-petista exigiu a condenação inclemente do governo de Micheletti e a exclusão de Honduras do organismo.

Colômbia e EUA

Estados Unidos e Colômbia estreitam seus laços militares no combate ao narcotráfico e à guerrilha das FARC. Chávez percebendo que sua aliança político-militar com as FARC se vê ameaçada e, em conseqüência, sua estratégia de desestabilização do governo colombiano de Álvaro Uribe e da América Latina em geral corre perigo, desata uma gritaria contra o alargamento do acordo.

Celso Amorim afirma que a Venezuela tem razão em seus receios. Lula logo se torna o porta bandeira do protesto contra o acordo, bem como o articulador dos protestos da América Latina. Fazendo o jogo do “bolivarianismo”, Lula pretende levar Uribe ao banco dos réus na reunião da Unasul, em Quito, golpe que só é frustrado pela hábil maratona diplomática do presidente colombiano.

A atitude de Lula contrasta com o silêncio cúmplice ante as compras de armamento russo efetuadas por Chávez (que chegam a 4,4 bilhões de dólares!) e ante o oferecimento feito pelo presidente venezuelano das bases do país para acolher bombardeiros russos, inclusive com armamento atômico.

The Economist censura Lula

Seria impossível fazer neste exíguo espaço um elenco exaustivo das mais recentes medidas diplomáticas do governo Lula, que revelam sua crescente subserviência aos desígnios de Hugo Chávez e de seu “socialismo do século XXI”.

Tal seqüência de medidas mereceu neste final de semana um editorial da revista britânica The Economist (13.ago.2009), que apontou o viés chavista da política externa do governo Lula e cobrou uma posição firme do presidente do Brasil, com relação à defesa da democracia: “O governo Lula tem demonstrado um enigmático desrespeito pela democracia e pelos direitos humanos fora das fronteiras brasileiras”. E acrescentou: “O Brasil precisa decidir o que realmente defende e quem são seus aliados de fato, ou então arriscar que outros façam essa escolha por ele”.

O viés chavista da política externa

A matéria da importante revista britânica foi glosada pelo jornal O Estado de S. Paulo (15.ago.2009) em Notas & Informações, intitulada A ameaça que Lula incentiva:

  • "Numa das inumeráveis vezes em que se pôs a falar mal da imprensa - que evita ler "porque tenho problema de azia" -, o presidente Lula contrastou o que seria o tratamento injusto a ele dispensado pelas principais publicações brasileiras com o tom amplamente favorável ao desempenho do seu governo nas matérias e comentários sobre o País em muitos dos mais importantes periódicos estrangeiros. (...)

    O presidente, portanto, não terá motivos para acusar de parti pris contra ele o prestigioso semanário britânico The Economist por ter publicado, na edição que começou a circular ontem na Europa e nos Estados Unidos, uma reportagem e um editorial que identificam o inquietante viés chavista da sua política para a América do Sul. "Do lado de quem está o Brasil?", pergunta a revista. Nem Lula correria o risco de acentuar o seu desconforto gástrico se se inteirasse do teor desses textos. Eles o elogiam como um "presidente inspirador", cuja "bonomia e instinto para a conciliação" fazem amigos em toda parte, e por ter barrado a mudança constitucional que o autorizaria a disputar um terceiro mandato consecutivo, "apesar de seus quase sobrenaturais índices de popularidade".

    A Economist também aplaude os esforços do brasileiro para amoldar as instituições multilaterais às mudanças no equilíbrio global de poder (...) Mas - no que não chega a ser uma revelação para os observadores brasileiros - a revista ressalta a perigosa benevolência, quando não a franca simpatia, da diplomacia regional do País em relação a Hugo Chávez. O "gancho", como se diz nas redações, para a abordagem do problema são as investidas do caudilho venezuelano contra o acordo entre a Colômbia e os Estados Unidos para a instalação de três bases militares destinadas a reforçar as defesas do país vizinho no seu combate de décadas contra a guerrilha das Farc e os seus parceiros do narcotráfico.

    Nessa crise fabricada por Chávez para encobrir as evidências de seu apoio bélico ao movimento, o Brasil só não agiu pior do que o equatoriano Rafael Correa, que já não mantém relações com Bogotá, ao exigir garantias de que as bases não teriam outros fins. O papel de linha auxiliar do caudilho, desempenhado pelo presidente e o seu chanceler Celso Amorim, ficou ainda mais gritante porque em momento algum eles manifestaram preocupação com a segurança e a estabilidade regionais ameaçadas pelos acordos militares entre Caracas e Moscou. O próprio Chávez diz servirem para "incrementar nossa capacidade operativa". Lula se comporta como se o inimigo da democracia na América do Sul fossem os Estados Unidos, ou a Colômbia, ou mesmo o governo golpista de Honduras - que destituiu o presidente Manuel Zelaya para evitar que ele atrelasse o país ao chavismo.

    Além disso, ao endossar tacitamente as políticas liberticidas do venezuelano - não passa dia sem que ele, cumprindo as suas promessas, não aperte o garrote no seu desafortunado país -, Lula desnuda a hipocrisia das suas apregoadas convicções democráticas. A versão soprada pelo Itamaraty de que os agrados brasileiros a Chávez teriam apenas o objetivo de moderar os seus planos hegemônicos na região já foi desacreditada pelos fatos, sem falar nas lições da história sobre a futilidade das tentativas de apaziguar apetites ditatoriais. A tragédia é que nenhum outro país sul-americano tem condições comparáveis às do Brasil para frear as aventuras totalitárias de Chávez e seus aliados bolivarianos. Não se pede, como diz a Economist, que o Brasil aja como xerife da América. Mas é do interesse nacional prevenir uma nova guerra fria entre os vizinhos.

    "A maneira de fazê-lo é não confundir democratas com autocratas, como Lula parece pensar", assinala a revista. "É desmoralizar Chávez, demarcando uma clara divisa em favor da democracia - o sistema que permitiu a um pobre torneiro mecânico chegar ao poder e mudar o Brasil." "

Cadastre seu email aí ao lado
e receba atualizações deste blog 888