sexta-feira, 18 de agosto de 2017

“Pray for Barcelona!”

“Pray for Barcelona!”


Mais um atentado islâmico, covarde, brutal e cruel. Desta vez em Barcelona, contra transeuntes de várias nacionalidades que, despreocupados, numa ensolarada tarde de Verão, desfrutavam do lazer no famoso calçadão de Las Ramblas, na capital da Catalunha.

Terroristas plenejavam grande atentado
Ao volante de uma van, um terrorista islâmico irrompeu numa corrida louca no calçadão e, ao longo de 500 metros, atropelou a esmo quem estava diante de si, inclusive crianças e bebês. Treze mortos, mais de cem feridos, quinze dos quais em estado grave.

Um segundo ataque, poucas horas depois, se deu em Cambrilis, Tarragona. Um outro veículo, conduzido por terroristas, também foi jogado sobre pedestres, ferindo sete pessoas, uma das quais veio a falecer. A polícia abateu os cinco terroristas.

Na noite anterior aos atentados, uma explosão se dera numa casa em Alcanar. As forças de segurança espanholas crêem que a mesma foi fruto da manipulação de substâncias com as quais os terroristas preparavam um grande atentado com veículos-bomba. Após a falha, improvisaram os ataques da La Rambla e Cambrilis.

Estado Islâmico reivindica
A Catalunha é conhecida pelos serviços secretos europeus como um dos principais centros do terrorismo islâmico. E as ações terroristas de atropelar pedestres repetiram a estratégia dos atentados em Nice, Berlim, Londres, Estocolmo.

A dantesca visão de cadáveres e de corpos feridos jogados na calçada correu o mundo, gerando espanto e confusão. E, evidentemente, tiveram início as reações. As de costume. As indecisões, as dúvidas... sobre aquilo que não é indeciso nem duvidoso. Por fim, o Estado Islâmico reivindicou os atentados como atos de seus “soldados” em solo espanhol.

“Pray for Barcelona”
As páginas das redes sociais começaram a encher-se de fotos com os dizeres “pray for Barcelona”, como já tinha acontecido anteriormente nos diversos atentados: “pray for Nice”, “pray for London”, etc. E, claro, pouco depois não faltariam as flores e as velas no local do massacre.

A prece é algo de muito precioso e até sublime, fora de dúvida. Mas tenho impressão de que essas preces são, muitas vezes, mencionadas com o estado de espírito de certas crises de lágrimas e de soluços humanitários, momentâneos, mas sem maiores consequências: um modo de acalmar a consciência para, logo em seguida, prosseguir no indiferentismo e na rotina do dia-a-dia. Afinal a maneira de fugir da dor é muitas vezes anestesiar-se diante dela; e o meio pode muito bem ser uma prece mecânica e filantrópica.

“Vigiai e orai”
Ora Nosso Senhor, nos momentos que antecederam sua Paixão, ensinou-nos: “Vigiai e orai, para não entrardes em tentação”. “Vigiai e orai”. Este apelo à vigilância, antes mesmo da oração, é uma advertência contra nossa índole despreocupada e bonacheirona, amiga de pactuar, adversa ao esforço e a considerar de frente o mal. Ele nos ensinou, pois, antes de tudo a vigiar, para não entrarmos em tentação, já que o mal não recua diante de nada e não recuou sequer ao matar o Homem-Deus, o Inocente por excelência.

“Vigiai”: diante do mal, todas as desconfianças são rigorosamente necessárias, já que é ele capaz até mesmo das piores infâmias. Contra ele devem empregar-se todas as atitudes preventivas, inclusive de força, conformes à Lei de Deus e dos homens. O otimismo bobo, o não considerar o perigo, o adiar o combate ao mal são verdadeiros crimes de quem não quer vigiar. E nossa oração só atingirá todo o seu fruto se vigiarmos, como nos ensina o Divino Redentor.

Paganismo insolente
Diante do atentado terrorista islâmico de Barcelona não fechemos os olhos, uma vez mais, apelando a uma prece vaga. Tenhamos coragem de ver o perigo, de analisá-lo, de enfrentá-lo com sabedoria e fé. O Islã, que hoje procura o Ocidente para se refugiar de seus próprios fracassos políticos, sociais e econômicos, se manifesta em muitos de seus elementos “como um paganismo insolente, opressivo, xenófobo e com ares racistas”, como com previdente vigilância advertia, em 1943, Plinio Corrêa de Oliveira, em um de seus célebres artigos no “Legionário” (cfr. “Neopaganismo”, 8-8-1943).

Não nos esqueçamos de que o mal é de tal forma ardiloso que não se esquiva sequer de usar suas máquinas de propaganda para tentar justificar os assassinos, diminuir a gravidade dos atos terroristas, escamotear seus fundamentos, enquanto, manipulando palavras e termos “talismãs” – como “islamofobia” – tenta inibir qualquer reação e voltar a desconfiança contra as próprias vítimas da barbárie.

Sim, “pray for Barcelona”. Mas não nos esqueçamos das palavras de Nosso Senhor: “Vigiai e orai”, para que nossas preces não sejam vãs.

* * *

Acabo de receber de um amigo a fotografia da estátua del “Mio Cid”, Rodrigo Díaz de Vivar, o lendário cavaleiro castelhano do século XI que enfrentou os muçulmanos por diversas vezes. Segundo reza a lenda, às vésperas de uma batalha contra os infiéis, “El Cid Campeador” faleceu de ferimentos em seu castelo de Valência. Seus adversários ficaram confiantes pois haviam finalmente matado o El Cid. Entretanto, sua mulher mandou amarrar seu corpo ao cavalo e sua espada a sua mão e o enviou ao campo de batalha. Ao ver El Cid em cima do seu cavalo os muçulmanos fugiram em debandada sendo perseguidos e derrotados pelo exército de Rodrigo.

Numa das faces do pedestal da estátua de “El Cid”, na cidade espanhola de Burgos, está escrito: “O Campeador, levando consigo sempre a vitória, foi, por sua infalível clarividência, pela prudente firmeza de seu caráter, e pela sua heróica bravura, um milagre entre os grandes milagres do Criador”.

Espelhemo-nos no Cid Campeador, um homem que, em relação a si e ao mal, teve uma “infalível clarividência” e foi vitorioso por seguir o conselho do Divino Mestre: “Vigiai e orai, para não entrardes em tentação”!

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

As (in)seguras urnas eletrônicas

As (in)seguras urnas eletrônicas


Vejo que alguns espíritos já se assanham com a disputa presidencial de 2018.

Lula – o condenado – deu o mote ao espalhar a tese de que uma eleição sem sua candidatura seria uma eleição ilegítima. Repetida religiosamente por serviçais ideológicos, tal torpeza é também vocalizada pelos “isentões” de plantão.

Mas há outras candidaturas que se vão desenhando e o clima de disputa já se acende, embora, pessoalmente, creia que ainda teremos surpresas a pavimentar o percurso eleitoral.

Sistema eletrônico de votação
Mas... mas, eleições falam de votos; e votos falam de urnas; e urnas falam de urnas eletrônicas. É para elas que volto neste momento o meu olhar.

Enquanto os ânimos se acirram em torno de possíveis candidaturas, o sistema de urnas eletrônicas pode condicionar tudo e deixar a disputa eleitoral sem sentido. Afinal já houve quem afirmasse que, no presente, urnas estão vencendo eleições.

Há já um bom tempo alguns heróis vêm batalhando para fazer chegar ao debate público as suspeitas sobre urnas eletrônicas.

Chamo-os de heróis, propositadamente, pois as máquinas da publicidade, os meios ditos “oficiais” (político, jurídico, midiático) sempre tentam esmagar esses esforçados batalhadores sob o peso de epítetos de “lunáticos”, “teóricos da conspiração”, etc.

Nos últimos dias, entretanto, o debate ganhou dimensão internacional. E acendeu as luzes amarelas (ou vermelhas) no TSE e nos defensores à outrance da “segurança” das urnas eletrônicas.

Smartmatic constata fraude
Antonio Mugica, o CEO da empresa Smartmatic – que desde 2004 controla o sistema eleitoral venezuelano – em conferência de imprensa em Londres (sede atual da empresa) atestou que o sistema das urnas foi fraudado pelo Conselho Nacional Eleitoral venezuelano, no que diz respeito ao número de votantes no ilegítimo processo eleitoral para a escolha de uma Assembleia Nacional Constituinte, promovida pelo ditador Nicolás Maduro.

Conclusão: as tão seguras e invioláveis urnas eletrônicas foram fraudadas e muito.

Antes de prosseguir formulo aqui dúvidas que assaltam o espírito e são difíceis de elidir: como não suspeitar (e muito!) da última eleição presidencial no Brasil, em 2014, e da estranhíssima e secreta apuração de resultados que deu uma vitória diminuta a Dilma? Será que só na Venezuela o sistema das urnas eletrônicas é fraudável?

Hackers violam urnas
Outro evento internacional, de grande porte, veio reforçar o debate sobre a (in)segurança do sistema eleitoral por meio de voto eletrônico.

Todas as urnas – de qualquer marca e qualquer modelo – são facilmente fraudáveis. Não, não sou “teórico da conspiração” e a afirmação não é minha. A conclusão é da maior conferência “hacker” do mundo, a Defcon, realizada anualmente em Las Vegas.

A grande novidade na sessão deste ano foi precisamente a decisão dos “hackers” de investigarem, pela primeira vez, a segurança das urnas eletrônicas.

Todos os modelos testados – inclusive os usados no Brasil – foram violados facilmente, em menos de duas horas. E a manipulação das urnas digitais pode não deixar qualquer tipo de rastro.

Leia abaixo o importante artigo de Ronaldo Lemos, advogado e diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro, Mestre em Direito por Harvard, Pesquisador e representante do MIT Media Lab no Brasil, publicado na Folha de S. Paulo (07.08.2017) sob o título “Hackeando as urnas digitais”:

  • Foi realizada há poucos dias a maior conferência "hacker" do planeta, a Defcon, que acontece anualmente em Las Vegas, nos EUA.

    Nesta edição, a novidade foi que hackers investigaram pela primeira vez a segurança das urnas eletrônicas. A conclusão não é animadora. Todos os modelos testados, invariavelmente, foram facilmente invadidos em menos de duas horas.

    Esse experimento acende uma luz amarela para o Brasil, grande usuário de urnas digitais, especialmente em face das eleições vindouras.

    A Defcon acontece desde 1993. Neste ano, atraiu mais de 20 mil pessoas, incluindo profissionais de segurança, advogados, jornalistas, agentes governamentais e, obviamente, hackers.

    A decisão de se debruçar sobre as urnas eletrônicas decorre de um contexto em que ciberataques internacionais estão se tornando cada vez mais comuns nos processos eleitorais das democracias do Ocidente. Nesse cenário, qualquer sistema digital pode ser vítima de manipulação, e as urnas não são exceção.

    Mais de 30 máquinas foram testadas, de várias marcas e modelos, incluindo Winvote, Diebold (que fabrica as urnas brasileiras), Sequoia ou Accuvote.

    Algumas foram hackeadas sem sequer a necessidade de contato físico, utilizando-se apenas de uma conexão wi-fi insegura. Outras foram reconfiguradas por meio de portas USB. Houve casos de aparelhos com sistema operacional desatualizado, cheio de buracos, invadidos facilmente. O fato é que todas as urnas testadas sucumbiram.

    Nas palavras de Jeff Moss, especialista em segurança da internet e organizador da conferência, o objetivo do experimento foi o de "chamar a atenção e encontrar, nós mesmos, quais são os problemas das urnas. Cansei de ler informações erradas sobre a segurança dos sistemas de votação".

    Um problema é que a manipulação de uma urna digital pode não deixar nenhum tipo de rastro, sendo imperceptível tanto para o eleitor quanto para funcionários da justiça eleitoral.

    Uma máquina adulterada pode funcionar de forma aparentemente normal, inclusive confirmando na tela os candidatos selecionados pelo eleitor. No entanto, no pano de fundo, o voto vai para outro candidato, sem nenhum registro da alteração.

    Há medidas para se evitar esse tipo de situação. Por exemplo, permitir que as urnas brasileiras possam ser amplamente testadas pela comunidade científica do país, em busca de vulnerabilidades. Quanto mais gente testar e apontar falhas em uma máquina, mais segura ela será. Outra medida é fornecer mais informações públicas sobre as urnas. No site do TSE, o único documento sobre segurança é um gráfico que não serve para qualquer tipo de análise.

    Nenhuma dessas soluções está em prática hoje no Brasil. Com isso, ou acreditamos que as urnas brasileiras são máquinas singulares, muito superiores àquelas utilizadas em outros lugares do planeta, ou constatamos que elas são computadores como quaisquer outros, que se beneficiariam e muito de processos de transparência e auditabilidade.

Curiosamente o TSE assegura a total segurança e inviolabilidade das urnas eletrônicas e sempre se esquivou de implantar sistemas de controle do voto eletrônico, como por exemplo o voto impresso, em afronta aos dispositivos legais aprovados no Congresso.

Ainda agora o Presidente do TSE, Ministro Gilmar Mendes, apresenta uma versão enganosa de “problemas” para a implantação do sistema do voto impresso, aprovado em lei pelo Congresso, a fim de manter o sistema inauditável.

Quem garante dogmaticamente a segurança das urnas inseguras e violáveis? Com que finalidade?